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Após o sucesso de público e imprensa de “Carmem” e “A última dança”, Natalia Gonsales, em constante pesquisa sobre personalidades e fatos que desafiam a ordem imposta, idealiza e atua em “Fóssil” de Marina Corazza. Criado a partir da pesquisa de três anos da atriz e da dramaturga a respeito do povo curdo e da revolução de Rojava, na Síria, a peça tem direção de Sandra Coverloni.

Foto: Divulgação

Fóssil estreou em 2020 no Sesc Pompeia e seguiu para temporada no Teatro Aliança Francesa, interrompida por conta da pandemia gerada pelo Covid-19. Ainda em 2020 realizou três apresentações pelo Festival Palco presente. Em 2021, realizou duas apresentações pelo ProAc Expresso Lab 47 de Premiação em Produção Teatral; Documentário DESMONTAGEM pelo Sesc Pompeia e apresentação online no Sesc Ipiranga.

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O crítico José Cetra destacou o espetáculo nas categorias “direção”, “atriz” e “dramaturgia”, e o projeto foi indicado ao Prêmio APCA de melhor espetáculo de 2020.

A peça se passa dentro da sala de Luiz Henrique (Fabrício Pietro), diretor da maior empresa de gás liquefeito de petróleo. Anna (Natalia Gonsales), uma jovem cineasta, vai ao seu encontro em busca de recursos para a realização de um filme sobre a Revolução de Rojava, no norte da Síria.

A cineasta narra o roteiro de seu filme e a importância político-social deste, cruzando histórias de mulheres curdas torturadas da Síria com memórias de mulheres na ditadura brasileira de 64. “Ao olhar para nós à luz dessa revolução, vemos as mulheres que nos geraram, e antes delas, as que geraram nossas mães, e antes delas, as outras, e as outras, e as outras e todas nós. Ao olhar para nós à luz da Revolução de Rojava, sabemos que queremos e que podemos acreditar em utopias por meio de um trabalho diário que deixe nascer outras formas mais justas e libertárias de se pensar e viver. ” Complementa a dramaturga Marina Corazza. 

A tensão entre os dois personagens vai crescendo durante o espetáculo. Luiz, que viu Anna crescer, tem um olhar paternal para com ela e conforme a cineasta conta sobre o seu projeto e a importância da luta curda, relações dúbias de opressão e falta de escuta são estabelecidas. Em um plano que atravessa o presente, a jovem cineasta fala de sua mãe, presa política na ditadura de 64. O papel contraditório de financiamento das artes por grandes empresas também perpassa toda a peça. Abre-se com isso mais uma camada crítica na peça a respeito da política cultural e as contradições que incluem valores éticos e morais para a realização de um produto altamente desvalorizado no mercado atual.

“Encenar a luta curda pela democracia revela contradições do sistema democrático ocidental que se apresenta na forma atual do patriarcado, sustentado pelo Estado e pela hierarquia. A forma de Estado-Nação aliado ao Capitalismo é um modelo baseado nas dominações de classe, gênero, etnia e religião associado à competitividade econômica, impossibilitando assim, que a nação alcance os objetivos de liberdade, igualdade e justiça social” explica Natalia.

A encenação de Sandra Corveloni propõe um encontro entre teatro e audiovisual tendo projeções sensitivas e trilha sonora original, criando um clima de sala de cinema, para falar da Revolução de Rojava ou Confederalismo Democrático do Norte da Síria. “Fóssil possui uma dramaturgia bastante profunda, com camadas de informações e sentimentos que aparecem à medida em que o texto avança. A montagem, que é ao mesmo tempo teatral e cinematográfica, nos leva a refletir sobre questões como os direitos das mulheres, a democracia, as fronteiras e a arte“, comenta a diretora.

Natalia Gonsales finaliza: “hoje é comum ouvir a população curda de Rojava e de outras regiões do Curdistão defender a vida sem um Estado. Os curdos lutam pela autonomia de seu povo e de outras etnias sem representatividade. Buscam a conscientização democrática, o direito à educação na língua nativa, o acesso ao sistema público de saúde, a proteção do meio ambiente e a liberdade de expressão. Uma política que se tornou referência libertária no mundo.”

“Ao alternar uma negociação repleta de desconforto de uma artista com seu projeto e os donos do dinheiro, a peça oferece espaços poéticos tendo como cenário o deserto esvaziado da região e a exuberância do céu estrelado” – Leando Nunes (Estadão)

“O espetáculo envolve os espectadores desde a cena inicial. Mesmo que a história do povo de Curdistão seja pouco conhecida da maioria dos brasileiros, a trama emociona por associar a opressão do povo curdo com a luta das mulheres por seus direitos.” – Mauricio Mellonge (Favo do Mellone)

“O drama se sustenta pela crueza dos relatos e pela força dos diálogos. […] uma peça que faz um convite para o espectador pensar em pontos relevantes como a globalização, o imperialismo, a intolerância, a exclusão. Se a história é construída pelos opressores, da mesma forma pode ser desconstruída pelos oprimidos.” – Edgar Olimpio (Revista Estravaganza)

SINOPSE

Uma cineasta busca, em uma grande distribuidora de gás, recursos para realização de seu filme sobre a Revolução de Rojava, onde nasce um processo radical de democracia participativa com forte atuação das mulheres curdas. Durante a apresentação do projeto, ela é atravessada pelo passado recente da nossa história e se defronta com as contradições de ter sua obra patrocinada.

FICHA TÉCNICA

Idealização: Natalia Gonsales
Dramaturgia: Marina Corazza
Direção: Sandra Corveloni
Elenco: Natalia Gonsales e Fabrício Pietro.
Música Original: Marcelo Pellegrini
Desenho de Luz: Aline Santini
Figurino: Leopoldo Pacheco
Cenário: Carol Bucek
Videografismo e Videomapping: André Grynwask e Pri Argoud (Um Cafofo)
Voz canção curda: Rojda
Produção musical: Surdina
Mãe de Anna: Clara Cury
Assistência de Direção: Felipe Samorano
Assistência de Luz: Pajeú Oliveira
Operação de Luz: Vinicius Andrade
Operação de som: Danielle Dantas
Projecionista: Allyson Nascimento
Assessoria de Midias Sociais: Vanessa Huk
Fotos de Divulgação: Ronaldo Gutierrez e Haroldo Miklos
Fotos do Espetáculo: Ronaldo Gutierrez e Matheus José Maria
Registros fotográficos do Curdistão:  Alexandre Auler, Fabio Braga e Virginia Benedetto
Imagens aéreas (drone) de Kobani: Gabriel Chaim
Aulas sobre os conflitos do Oriente Médio: Reginaldo Nasser
Realização: Bem Casado Produções Artísticas
Produção: Contorno Produções
Assistentes de Produção: Carolina Henriques e Barbara Berta
Direção de Produção: Jessica Rodrigues
AGRADECIMENTO ESPECIAL: Gabriel Chaim

AGRADECIMENTOS: Alexandra DaMatta, André Luis de Oliveira Santos, Anelise Csapo, Angela Fernandes, Angélica Inês Corazza, Angélica Freitas, Atílio Bari, Bia Toledo, Bruno Guida, Cia dxs Terroristas, Décio Previato, Diego Dac, Emerson Mostacco, Flávio Tolezani,  Gabriel Chaim, Haroldo Miklos, Lívia Carmona, Luiz Farina, Malú Bazán, Marcelo Dantas, Marco Antonio Gonsales, Marcos Litran, Marco Antonio G. R. de Oliveira, Maria Fernanda Vomero, Marina Tranjan,  Melike Yasar, Murilo Gaulês, Natália Corazza Padovani,  Patrícia Campos Melo, Pedro Granato, Reginaldo Nasser, Renato Caldas, Riba Carlovich, Silvana Janeiro e Virginia Cavendish.

SERVIÇO:

Fóssil
Duração: 70 minutos
Classificação: 14 anos
ESPÍRITO SANTO DO PINHAL
Local: Theatro Avenida
Av. Oliveira Motta, 50, Centro,
Espírito Santo do Pinhal – SP
Capacidade: 460 lugares
Data: 03 de dezembro 2022
Horário: 18:00h e 21:00h
Data: 04 de dezembro 2022
Horário: 18:00h
Retirada de ingressos na bilheteria 1 hora antes do espetáculo.
Este projeto foi contemplado com o ProAc Circulação de Teatro – 02/2021

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Sócio-proprietário e fundador do Portal de Pinhal, jornalista (MTB 95.230-SP).

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